25 novembro, 2010

Contato

O som do silêncio pressiona nossos ouvidos sensíveis
Tesão e tensão, misturados pelos breves passos.
Há nossos fôlegos, nossa vontade e o sentimento sempre aquecido

Embaçamos nosso reflexo no espelho, que jamais nos vimos
Com nosso hálito quente saindo do grito silencioso do querer.
Derretemos no chão frio.

Cada pequena parte sua, meus olhos captam e guardam.
Através deles, trocamos palavras e vamos além do que já há.
Sempre seremos para mais e para nós

Nos breves instantes que nossos corpos se tocam.

22 novembro, 2010

sinto fome do seu gosto
e uma urgência de passar-lhe tudo que andou camuflado.
não desejo fingir ser, não sendo.


quero a liberdade de sermos mais nós.

15 novembro, 2010

Olhos pregados no infinito; nem por um instante fecharam-se. Não consegui adormecer, não sei se pelo café ou por conta da saudade, que prendeu meu ar, apagando todo o externo.
As portas da minha percepção fecharam-se, não compreendia mais o que ocorria ao meu redor, muito menos pelo avesso de mim. Nada.
Meus pensamentos voaram, longe, não consegui acompanha-los, apenas foram e não trouxeram nada para o meu íntimo. Nenhum acréscimo, nenhuma surpresa.
O azul então, clareou-se. Acompanhava as rosas nuvens que passeavam lentas, era como um sussurro, tranquilizando-me, despertando-me pro existir. Ressurgiram portas e, todas abertas. Livrei-me então, da prisão do pesado sentir antigo.

01 novembro, 2010

inverno em mim

monotemático,
a mesma dor a cada sílaba,
o mesmo grito querendo ser ouvido a cada súplica,
em versos.

inverno
em mim.

a mim, o vazio destrói. não consigo escapar da nostalgia,
da falta de ação e de calor.
preciso suar ao seu lado, preciso de energia, energias...

a mesma dor
com a quantidade de saudosismo maior a cada pequeno espaço apreciável
de tempo,
instantes.

tentavivas frustradas de escapar do amor que condenei-me,
a dor que ama ficar, que escorre ao meu rosto, queimando-me.

inverno em mim.

em mim, tudo frio. não há emoção, não há desabrochar,
não ar,
quero asas, sair de tudo que já não é mais e que não poderá mais ser.

o amor, apressado, esqueceu-se em mim.