29 março, 2011

Breve Despertar


O breve despertar do riso
Acompanhando as tantas cores
De uma nova manhã

Os dizeres com duplas intenções,
E os olhares fixos incertos,
Absorvendo e transbordando palavras.

A chuva que chega,
Embalando o ritmo do amanhecer
E limpando a ressaca dos copos divididos,
Dos tragos suaves, como as nuvens que despertam.

Tantos sons,
Finitos.

Restamos nós
Como fazemos a cada fim de espetáculo,
Saboreando conversas bobas,
Direcionadas ao mais profundo do ser.

Somos almas expostas.
E mentiras nas verdades mais absurdas.
As taças rubras já sem cor e a maquiagem já escorrida,
Transparecendo o que não deixamos.

Mas ainda é beleza se assim quisermos.
E nossas percepções podem ir além do que é.
Não somente boca, não somente ouvidos.
Somos a união do todo.

03 março, 2011

Maria-Ninguém do Porto

anda em passos tortos, queimando ao sol
totalmente desvirginada pelo olhos cruéis,
poluindo seus ouvidos, com preconceitos.

tiraram-lhe a último gota de conceito,
transformando-a num animal sem cor,
apagando a sensível flor.

reclama apenas do mau cheiro,
exalado pelo hálito da soberba.
antes de morrer, já estamos fedendo.