30 dezembro, 2010

30 de Dezembro.

Fim de tarde
Melhor luz do dia.
Sorvete na mão,
Pés, tentando manter no chão.

Olhos fechados
Encontro nas lembranças, o amor
Sinto o cheiro doce daquela tarde.
Sua voz quase-rouca,
sinto como uma flor tocando-me.

A tarde já no fim.
Lua na noite.
Vejo seus olhos procurando nosso início.
Pisavamos na areia.
estava fria, úmida...
Mas não sentia frio, talvez pelo vinho barato
ou então, pelo calor da emoção.
Lembro que corri de nós dois
Mas, um beijo apressado roubou-me.
Sorri, e mesmo assim corri.

E não escapei,
me rendi,
sabia que seria mais fácil e mais delicioso.
Senti então o corpo estremecer, o suor nas mãos.
As palavras saiam de nós, iguais,
pelos olhos
toques
cheiros
saliva
Unidos pelo mesmo sentir.
(...)



Permiti nosso início,
agora, sofro com o fim.
Mas ainda fecho os olhos,
na melhor luz do dia
e permito-me abrir as lembranças
das doces sensações de amar.

25 dezembro, 2010

Busco-lhe, ainda tanto

Insuportável silêncio
Não sei ainda o que mais pesa em mim;
Palavras suas, ou silêncios nossos.

Perceba-me, eu imploro.
Dê-me ao menos um doce olhar
Tire o meu folêgo, como antes.

Quando, a dúvida cessar
deixarei partir,
não a mim somente;  mas, pra qualquer lugar.

Enquanto em mim estiver
não permitirei essas tentativas de dor
nem quero que nos ofusque

Olhe-me
veja-nos
encontre o que restou, que ainda é tanto

Mas, se forças não encontrar,
voe borboleta,
que quero- te ver ainda brilhar.

22 dezembro, 2010

Nenhuma palavra se fez necessária. Seu tato continuava registrado na minha pele, jamais esqueceria a temperatura do seu toque, era ideal. Deixava-me sentir a plenitude da união. Devoramos toda a garrafa de vinho e todas as notas que seus dedos aguentassem . Devorei seus gestos, seu cheiro e seu toque. Devorei você com os olhos e com todo o resto que me fosse permitido.

17 dezembro, 2010

Delírio

Delicio-me em pequenas ilusões.
Busco o belo. Encontro?
Quero sentir sem delírios.

Desperto,
nenhuma beleza me alcança
Iludir-me

Única forma de prazer
Ilusões malditas
Superficialmente falso é o meu sentir.

Quimeras
Esperanças intangível do real.
Vazio insuportável.

Quero sentir, sim
o todo.

11 dezembro, 2010

Finito insustentável

o chão caiu de mim, nada surge para que eu me sustente
o vento é forte, é frio, minha proteção não existe.
sua mão, que outrora estava em mim, segura a cintura que não é minha.

entrego-me na fumaça, disfarço a dor, com goles de uma bebida forte
e a minha cabeça não para.
rodo, pelo calor do líquido e pela dor do sentir

busco seus olhos doces,
e lembro como foi lindo o que causou em mim.
não é ódio, é medo

medo, de nunca mais tocar as mãos,
que me conhecem tão bem.

03 dezembro, 2010

Duo

Dualidade de emoção.

Tento crê que o pensar estar maior que o sentir,
mas ainda dói
ainda sinto, ando pouco.
Ainda muito.

Tento correr dos prazeres de ter-lhe novamente,
Mas quase não me permito mexer os pés.
Quero mergulhar nesse mar, quero afundar em nós,
Lambendo cada gota do deleite.

Tenho que apagar.
Correr e não ter mais essa repetida dor em mim.

Queria poder colocar cada detalhe numa sacola antiga e bonita
E entregar-lhe tudo que ainda tenho.
Não aprendi a arrumar em mim o fim do que ainda existe.

Assim, como ainda não aprendi a apagar o que me doeu,
Tanto e tantas vezes.
Igual, como criança que não aprende a andar na primeira queda.
Me deixei cair sempre, por você.

Já posso definir meus passos, corro pra onde for,
Até mesmo do amor,
apenas para não permitir mais o sufoco da saudade de não ter.